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27/05/2016
Artigo do Dr. Adalberto Alexandre Snel: "Ética para superar o lodaçal"

Ética para superar o lodaçal

A ética desperta interesse cada vez maior, sobretudo porque diz respeito diretamente à nossa experiência cotidiana, levando-nos a uma reflexão sobre os valores que adotamos, o sentido dos atos que praticamos e a maneira pela qual tomamos decisões e assumimos responsabilidades. Hoje, por exemplo, a grande maioria das profissões tem seus códigos de ética, em uma tentativa de sistematizar os princípios de orientação para seus profissionais. No entanto, sentimos que cada vez mais vivemos uma crise ética sem paralelos que vai desde a situação política do país, passando por questões de corrupção na sociedade e no governo, até problemas de relacionamento familiar.

As imagens do lodaçal em que se transformou o país fazem invocá-la em função da política, mas também do que acontece nos demais setores. Quais as relações que mantêm entre si ética e política?

Política, vindo do grego polis, nos remete à cidade, no seu sentido cidadão, de conglomerado de indivíduos, sujeitos de direito, que se unem para decidir seus destinos coletivos de forma democrática.

O tema ética já é discutido há muito tempo. Platão, que viveu de 428-348 a.C., é identificado como o primeiro grande filósofo grego a tematizar em sua obra as principais questões éticas que chegaram até nossos dias, mas aqui foram esquecidas.

Ética vem do grego ethos e nos remete aos costumes, no latim, mores, daí também moral. Refere-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade, que são considerados valores e obrigações para o comportamento de seus membros. A ética nos remete a valores vinculados à virtude e ao bem. Estes valores evaporaram no Brasil. Afirmações revelam ausência de sensibilidade moral e total hipocrisia, em todos os níveis, e o próprio povo tolera isso de forma passiva.

Pesquisas em neuroeconomia, neuroética, ética experimental e psicologia moral indicam que, infelizmente, na média, as pessoas corroboram o ditado: “Todo mundo tem seu preço”.

O desenho prático de qualquer política de combate à corrupção deve levar em conta o que as ciências comportamentais têm a dizer sobre nós mesmos e como as regras devem ser construídas para que o jogo social se desenrole de forma a minimizar algo que sempre existiu: a corrupção.

Limpar este país exige grande trabalho profilático e generalizado.